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       Chefe Itamar

Entrevistado por: Alexandre Carrasco
Enviado em: 12/06/2001

O Primeiro Contato


Escoteiro: Como você conheceu o movimento escoteiro?
Ch. Itamar: O escotismo na minha vida, tem 5 momentos:

Primeiro Momento:
Quando eu era criança. Muito pobre; não tinha condições de participar do movimento. No meu caso, mesmo para comprar um simples uniforme, era impossível.
Então eu ficava "babando" mas não tinha nem como participar do movimento.

Segundo Momento:
Após o meu casamento, quando o GE 150 foi fundado. O GE 150 é um Grupo Família.

Terceiro Momento:
Como mãe de elementos. Como assistente de tropa escoteira. Como chefe de tropa guia. JAMBOORE SPA. Como Baloo.

Quarto Momento:
Retornando ao G.E. 150.
Retornei ao movimento, no Ramo Lobo.

Quinto Momento:

Continuo com os amigos do movimento escoteiro.
Continuo indicando o movimento para que os amigos coloquem seus filhos.
Continuo acreditando que o escotismo é uma forma real de educação, que deve ser usada, incentivada, visando o aprimoramento dos jovens.
Atualmente estou "tentando" desenvolver numa escola da rede municipal de São Paulo, um grupo escoteiro. Já consegui "vender" a idéia para alguns professores e também para alguns pais. Agora pretendemos procurar um grupo para apadrinhar essa escola.

O Início

Foi formado por uma comunidade de amigos, que se conhecem desde a década de 60.
Fizeram catequese juntos, depois perseverança, depois crisma.
Alguns tornaram-se catequistas, outros ficaram no grupo de jovens.
Depois começaram a participar de um curso de noivos. Até que alguns começaram a casar.
Eu entrei para esta turma em 78, no início do ano. No final do ano casei.
Meu marido faz parte desse grupo de amigos. Ele foi catequista de muitos deles. Além de músico oficial.
Nós fomos o primeiro do grupo a casar. Participamos do casamento e da vida desse pessoal todo.
Existiam alguns amigos que faziam ou tinham feito parte do movimento escoteiro.
Na década de 80, o pessoal já estava com filhos e resolveram montar um grupo escoteiro.
Nos afastamos do pessoal. Na realidade, nas primeiras reuniões do grupo escoteiro, eles faziam durante a nossa reunião de curso de noivos.

Escoteiro: E foi assim que começou o GE?
Ch. Itamar: Sim. Começou o grupo escoteiro nesta época.
Então eu participei do grupo antes de sua fundação.
Dos primeiros encontros, que aconteceram simultaneamente com o curso de noivos.

O Retorno


Só voltei para o grupo, em 1990, quando fui em um churrasco, e minha comadre "comprou" minha filha, fazendo-a ir para o grupo.
Fiquei no movimento até julho de 93. (em junho sofri um acidente de carro).

Escoteiro: Comprou sua filha??
Ch. Itamar: Sim... ela comprou minha filha... risos..
No meio de um almoço, ela pegou minha filha, todo pessoal que estava no churrasco que fazia parte do movimento escoteiro, até o padre.
Os únicos que não faziam parte eramos nós: eu, meu marido e minhas duas filhas.
Então minha comadre mostrou pra minha filha o quanto era bom o movimento..

Escoteiro: E o que você fez e quais seções participou durante este tempo??
Ch. Itamar: Durante este período. Entrei para auxiliar de tropa escoteira, fiquei durante uns 3 meses (descobri que não tenho capacidade para carregadora de bola).
No dia que resolvi desistir de ser "carregadora de bola", a chefe da tropa guia, estava abandonando o grupo. Um chefe colocou-se a disposição para ajudar-me. Então comecei a ficar com as Guias. E, comecei a fazer os cursos.
Nunca tinha me imaginado cuidando de Guias.
Então, assumi a tropa guia e de agosto de 91 a março de 93, eu já tinha completado todos os cursos do ramo Sênior. Até as 2 partes do CAA. Faltando apenas a parte da observação.

O SPA


Escoteiro: Você deve ter muitas histórias a contar! qual a atividade que mais gostou?
Ch. Itamar: O Jamboree... o que mais gostei foi do SPA que participei. Sabe por que o jamboree era um SPA?

Escoteiro: Não, por que?
CCh. Itamar: Num SPA você paga caro.... alí também num SPA você come pouco... alí também (pois a verba que foi destinada a nossa tropa, acabou sendo dividida para duas tropas, tudo por falta de comunicação entre o Chefe da tropa masculina e a da tropa feminina; só na véspera de voltarmos que descobriram que metade dos tickets estavam guardados).
Num SPA você tem que andar muito.... alí também (para ir ao banheiro você tinha que fazer uma caminhada monstruosa. Tudo era longe.)... risos...

Escoteiro: Qual era o Jamboree?
Ch. Itamar: Jamboree no Rio Grande do Sul, em comemoração aos 500 anos de descobrimento da América.

Escoteiro: Muito legal a comparação com o SPA, pois é assim mesmo.
Ch. Itamar: Tem outras coisa.... que lembram um SPA:
Você fazia caminhadas inúteis, iguais as do SPA
Você tinha sempre gente te vigiando... igual ao SPA
Você não tinha tempo para curtir... igual ao SPA
Quem decidia sua vida era o outro.. igual ao SPA

Escoteiro: Você foi em mais algum Jamboree
Ch. Itamar: Eu não foi em outro... estava para ir no do Chile... mas acabei não indo..

Escoteiro: Tem mais algo de interessante ou engraçado que aconteceu neste Jamboree?
Ch. Itamar: Um dia o chefe do campo em que eu estava, perguntou-me.
"Chefe o que está achando do evento?" Respondi: Estou me sentindo em um SPA.
Menino, sabe que a chefe da tropa feminina, ficou brava.. falou que eu estava alí só passeando, pois comparei o evento com um SPA, com um local de lazer...
Puts.. ela não sabia o que era um SPA.

O Escotismo


Escoteiro: E o que falaria sobre o movimento escoteiro?
Ch. Itamar: Sabe Alexandre, eu sou a favor do movimento escoteiro, acho que é o único caminho para ajudarmos nossos jovens.
Tenho certeza que precisamos de muitos grupos muito mais gente envolvida. Temos que parar com picuinhas e pensar em nossos jovens.

Escoteiro: E o que você mais gosta no movimento escoteiro??
Ch. Itamar: O que mais gosto no movimento escoteiro é ver o sorriso da garotada. É perceber que pelo menos durante algumas horas eles estão fazendo algo de bom para seu futuro. E que depende de nós mostrarmos a essa juventude o valor que tem esta vida.
O nosso exemplo deve ser algo que estimule nosso jovem a seguir o caminho. Mas, eles devem saber que o caminho não é simples. Que tem problemas e esses devem ser superados ou pelo menos olhados de frente.
A filosofia/pedagogia existente no movimento é a melhor coisa.

Escoteiro: A filosofia/pedagogia existente no movimento é o método escoteiro?
Ch. Itamar: Sim e não.
No método escoteiro você aprende fazendo. Você é chamado o tempo todo para a ação. É chamado a pensar no outro. Pensar em você, mas sempre sobre o viés do outro. Você cuida do outro porque tem certeza que está cuidando de você também.
Teve um momento que o escoteiro pensava no outro em primeiro lugar. Ainda bem que agora parece que mudou. Ele tem que pensar nele também. Deve aprender a compartilhar. A doar. Mas a guardar algo para sí, para o seu futuro.
É impossível alguém gostar do outro se não gostar de sí mesmo. Ainda bem que teve esta mudança no escotismo.
Acho que a prática está muito boa no movimento escoteiro. Mas em algumas coisas ainda precisamos de teoria. Precisamos estudar. Nós chefes precisamos estar plugados para não transformamos nosso ramo em apenas um "galho seco".
Este é um problema encontrado em vários Grupos Escoteiros.

O Recado


Escoteiro: Qual o recado que você daria aos chefes que estão começando agora a lidar com estes jovens?
Ch. Itamar: O recado é para qualquer pessoal, não somente no escotismo;
1 - Precisamos estudar e colocar em prática as coisas que estudamos.
2 - Precisamos olhar o mundo da forma que queremos que ele seja. Assim trabalharemos para que ele chegue até o nosso objetivo.
Quando compramos um terreno, e queremos construir uma casa, antes de mais nada precisamos saber que tipo de construção iremos fazer. Caso contrário estaremos perdendo tempo e dinheiro.
O mesmo acontece com a nossa vida, nosso grupo, nossa tropa.
Se não tivermos um objetivo, dificilmente conseguiremos alcançar alguma coisa.

Em resumo devemos estar SEMPRE ALERTA, fazendo o MELHOR POSSÍVEL para SERVIR.
Lembrar que não adianta SERVIR, sem saber a quem, esquecendo de olhar o resultado que pretendemos.
Tudo que fazemos nesta vida tem uma razão. Mesmo quando fazemos besteira, temos que ter certeza que esta será cobrada mais cedo ou mais tarde.
Quando estamos lidando com jovens, devemos estar com eles, viver com eles. Mas devemos lembrar que nós temos a responsabilidade e o dever de proteger nosso jovem.

Escoteiro: É muito bom conversar com você, a senhora seria uma ótima mestra pioneira !!!
Ch. Itamar: Nunca lidei com os pioneiros, mas sei que tenho muitos amigos na idade pioneira.
Sou uma confidente e Carrasca dessa garotada...(risos)
Confidente porque não fico criticando.
Carrasca porque não deixo passar nada.

Só mais um recadinho:
Tudo que fazemos na vida, precisamos fazer com TESÃO, com VONTADE, com PRAZER, com PAIXÃO. Mesmo que a coisa não seja o que queremos, o importante é que façamos o que precisamos que seja feito.
Fazer o que quer é muito simples. Fazer o que é necessário, só os grandes podem fazer.
O verdadeiro escotista é um educador. A diferença de um educador para um professor, segundo Rubem Alves, em seu livro "entre jequitibás e eucaliptos" está exatamente na diferença entre essas duas árvores.
Um professor sai às fornadas, todo ano são muitos os formados.
Um educador leva a vida toda para se formar.
Um eucalipto é plantado em pouco tempo já está pronto para ser cortado.
Um jequitibá leva uma vida inteira para se formar.
Um escotista leva uma vida para se formar. Ele demonstra que é um discípulo de B.P. através de gestos. Não importando se está com um lenço escoteiro ou com um mouse na mão.

Boa sorte!

Meu icq: 18013605
e-mail: yta_arte_educ@terra.com.br


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