Matéria enviada por:
Carlos Drumond de Andrade
Enviado em: 30/12/2002
Para você ganhar um belíssimo Ano Novo cor de arco-íris ou da sua paz ano novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido, talvez, ou sem sentido) para ganhar um ano novo não apenas pintado de novo, remendado às carreiras, mas novo na sementinha do vir-a-ser, novo até no coração das coisas menos percebidas (a começar pelo seu interior) novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota, mas com ele se come, se passeia, se ama, se compreende, se trabalha, você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita não precisa expedir nem receber mensagens (Planta recebe mensagens? Passa telegrama?) não precisa fazer lista de boas intenções para arquivá-las na gaveta. Não precisa chorar de arrependimento pelas besteiras consumadas nem parvamente acreditar que por decreto da esperança a partir de janeiro as coisas mudem e seja tudo claridade recompensa, justiça entre os homens e as nações, liberdade com cheiro e gosto de pão matinal, direitos respeitados, começando pelo direito augusto de viver. Para ganhar um ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem que merecê-lo, tem que fazê-lo novo,
eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.
|