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       Guerras devastam o meio ambiente

Matéria enviada por:  Rodolfo
Enviado em: 09/04/2003

À devastação (material) do Iraque e de sua população, em uma guerra que não deverá ser curta, virá uma outra, também dramática, e muito mais duradoura: a ambiental. Os resquícios dos incêndios nos poços de petróleo, da contaminação com o urânio empobrecido das munições e da deterioração do solo, do ar e da água ficarão como heranças malditas para muitas gerações de iraquianos.

Enquanto os mínimos detalhes dos armamentos, da geografia e dos movimentos das tropas desfilam incessantemente no noticiário televisivo e dos jornais, poucos são os programas e reportagens que se dedicam a analisar os prejuízos adjacentes da guerra, como o seu reflexo no meio ambiente.

E a reincidência, no caso do Iraque, vai funcionar como um agravante não deixando fechar as cicatrizes abertas na Guerra do Golfo, em 1991, quando as temíveis “balas de prata” - confeccionadas com o urânio empobrecido, subproduto originado no processo de enriquecimento do urânio para sua transformação no combustível para reatores e armas nucleares - deixaram atrás de si uma mar de dúvida quantos aos efeitos posteriores ao conflito, sobre o meio ambiente. Até hoje, mais de dez anos depois, os cientistas se preocupam com o alto índice de infertilidade dos solos e o aumento alarmante dos casos de câncer, leucemia, malformações congênitas e abortos registrados entre os iraquianos e tributados à contaminação pelo metal.

Embora muito menos radioativo do que o urânio natural este produto, utilizado na munição das forças da coalizão, mantém sua toxicidade química. Conforme um especialista ouvido pelo jornal Terramérica “quando o metal arde, se produzem óxidos de urânio, pouco solúveis em água ou em fluídos corporais e que podem permanecer no ar e no solo”.

Segundo os estudiosos do assunto dos 697.000 soldados dos EUA que serviram no Golfo, mais de 90.000 registraram problemas médicos que incluem disfunções respiratórias, hepáticas e renais, perdas de memória, dores de cabeça, febre, hipotensão arterial e o urânio empobrecido é um forte candidato a responsável por muitos destes problemas.

Uma resolução do Parlamento da Comunidade Européia, aprovada em 2001, pediu uma moratória na utilização de armamento com urânio, em aplicação do princípio da precaução e solicitou à OTAN que “ponderasse a utilização de outro tipo de munições até que sejam conhecidos os resultados das investigações sobre o urânio empobrecido", além de recomendar à Presidência do Conselho que seja regularmente informado das deliberações relacionadas com a questão da "síndrome dos Balcãs ou do Golfo", moléstia atribuída à contaminação pelo metal.

Um tribunal de apelação da Inglaterra concedeu, em 2002, ao soldado inglês Shaun Rusling, o direito a uma pensão por ter contraído a "Síndrome da Guerra do Golfo" e que sua doença foi ocasionada pelo serviço ativo durante a intervenção multinacional. Esta vitória de Rusling constitui o primeiro reconhecimento legal de que a Síndrome da Guerra do Golfo existe. Os veteranos que alegavam ter a doença não vinham recebendo a pensão porque os ministérios de Defesa britânico e francês, bem como o Pentágono, alegavam que tal doença não existia.

O termo Síndrome da Guerra do Golfo é utilizado para descrever uma ampla variedade de sintomas, como: insônia, fadiga, dores de cabeça, aturdimento, dores nas articulações e nos músculos, náuseas, inflamação dos gânglios e febres associados à contaminação por uso de armamento revestido com urânio empobrecido.


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