Matéria enviada por:
Adalto Souto
Enviado em: 22/06/2003
Três séculos depois de ter sido o caminho por onde a Coroa Portuguesa escoou ouro, diamantes e outras pedras preciosas de Minas Gerais para o mundo, a Estrada Real deve agora se tornar uma das melhores opções entre os circuitos turísticos brasileiros, colocando-se na rota de interesse de visitantes nacionais e estrangeiros. Com seus 1.400 quilômetros de extensão, a estrada pretende se transformar num corredor turístico, explorando as potencialidades históricas, religiosas, naturais e gastronômicas de 162 municípios mineiros, onde se concentravam as riquezas cobiçadas pela Coroa.
Com esse objetivo, a FIEMEG- Federação das Indústrias de Minas Gerais realizou durante quatro anos um diagnóstico da região. Foi constatado o grande potencial para desenvolver um turismo sustentável, possibilitando a criação de empregos e de renda para a população que vive no entorno da estrada.
A Estrada Real é composta por dois caminhos. O Caminho Velho, aberto no século 17, ligava o porto de Paraty à antiga Villa Rica, atual Ouro Preto. O trajeto nasceu das andanças dos bandeirantes à procura das riquezas que se ofereciam fartas no solo mineiro; a primeira descoberta do metal ocorreu em 1694. No trecho que ligava São Paulo à região das minas, a viagem era feita entre 75 e 90 dias. O Caminho Novo, unindo o Rio à Villa Rica, foi construído em 1701. Vinte e oito anos depois, com a descoberta das pedras preciosas na região do Serro, a estrada foi estendida até o então Arraial do Tejuco, hoje Diamantina.
Postos de controle, instalados em locais estratégicos, fiscalizavam a entrada e saída de pessoas e mercadorias pelos dois caminhos. O alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, cuidava da segurança do transporte do ouro à Coroa. Entre uma patrulha e outra, Tiradentes pregava suas idéias de liberdade e independência em pousos e estalagens ao longo da Estrada Real.
Hoje, o percurso tem trilhas calçadas pelos escravos, trechos em terra e asfaltados, partes cobertas pelo mato, pontos tortuosos e sinalização precária. Alguns trechos da Estrada Real são bons para cavalgadas; outros, para caminhadas e para a prática de esporte radicais, como rappel, rafting, mountain bike e vôo livre. Em Itamonte, Pouso Alto e Venceslau Brás, os rios em queda permitem a canoagem, com muitas fazendas que poderão, em breve, explorar o turismo rural.
Criado em 1994, o fundo até agora não havia saído do papel, mas, de acordo com o governo, vai receber R$ 500 mil do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais para financiar pequenos e médios empresários do setor de turismo no entorno da Estrada Real.
Um novo fundo pode ser criado para desenvolver os 46 circuitos turísticos mineiros, entre eles o das Águas, do Ouro e dos Inconfidentes. Teria um aporte inicial de R$ 6 milhões para financiamento de empresários.
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