Matéria enviada por:
Andre Torricelli
Enviado em: 02/07/2003
O Ramo Pioneiro tem como seu fundador o próprio patriarca do Escotismo, Baden-Powell. No início, como ainda o é em alguns países, não existia a separação dos ramos Escoteiro e Sênior, e o Pioneiro não era tão bem definido. Considerava BP ROVER SCOUTS os Escoteiros mais velhos que deixavam de tomar parte nas tropas, geralmente a partir dos 16 e 17 anos de idade. Por longo tempo não consistia em um formato próprio, confundindo-se por muito com o ramo anterior que tratava o fundo de cena hoje usado, o dos cavaleiros medievais, conforme o livro ESCOTISMO PARA RAPAZES, sua primeira obra literária consistente em relação ao Escotismo.A primeira literatura própria do ramo em questão foi o livro O CAMINHO PARA O SUCESSO, também escrito por BP, e era sugerido para a leitura desses Seniores mais velhos. Foi do título do livro ROVERING TO SUCESS que BP tirou o termo usado em Inglês para o ramo, e que é usado por alguns países latinos ao pé-da-letra como CAMINHANTES.O termo ROVER, foi consolidado desde a década de 20 no linguajar escoteiro no Brasil juntamente com o PIONEIRO.Nesse volume escrito por BP, encontra-se também o primeiro esboço de tratamento diferenciado ao ramo, quando ele se refere especialmente aos PIONEIROS DO MAR, sendo estes aqueles jovens que completando a idade de servir as Forças Armadas, apresentaram-se a Marinha e, ficariam por tempos em alto mar, ficando longe das atividades de seus grupos. Escreve que podem eles além de ler seu livro a bordo, continuar a praticar os atos de escoteiros e podendo ainda, como uma exceção, permanecer filiados a suas tropas de origem.Realmente a primeira obra a nível mundial especificamente direcionada ao ramo Pioneiro se deu na Inglaterra e, foi esse o folheto escrito pelo Dr. GRIFFIN, um médico que se dedicou ao desenvolvimento deste ramo, o Rover Quests in Practice.BP prefaciou este folheto esclarecendo que era difícil se estabelecerem práticas nesse ramo, sendo objetivo na comparação do SERVIÇO do Pioneiro com o SERVIÇO dos cavaleiros que sentavam a Mesa Redonda. Para ele o ramo anterior se preparava para SERVIR e para os Pioneiros não havia mais sentido em apenas se prepararem, era hora de se concentrarem em utilizar o aprendido para praticar o SERVIÇO ao próximo. O livro do Dr. Griffin trazia temas práticos aliados aos artigos da Lei Escoteira e pela primeira se tem os registros das virtudes Pioneiras. O lema do Pioneiro, nesta fase, é o mesmo dos demais, o Sempre Alerta.A nível de Brasil, o Pioneirismo não teve caminhos diferentes da Inglaterra em se tratando de seu entendimento, porém a real estruturação se deu no início da década de 30.A FBEM Federação Brasileira de Escoteiros do Mar , uma das federações mais fortes e estruturadas daquela época, foi a precursora da estruturação deste ramo, possuía consistentes e numerosos núcleos de Pioneiros em seus grupos. Os Pioneiros realizavam suas atividades juntando-se em Equipes de Interesse e dando a essas equipes nomes próprios. Em trabalhos realizados Clãs citados, pode-se notar a tradução para o português em 1929 do livro O Caminho para o Sucesso pelos Pioneiros do GEMAR Botafogo e, em 1934 do folheto do Dr. Griffin Temas práticos para Pioneiros, pela Equipe Almirante Barroso, do Clã Tiradentes, do 10 Grupo de Escoteiros do Mar.Dois Chefes de Pioneiros se destacaram nessa empreitada inicial, GELMIREZ DE MELO, do 10 Grupo Tiradentes, e BONIFÁCIO BORBA, do Grupo Botafogo. Gelmirez era o Comissário Técnico da Federação do Mar e fora o primeiro da UEB unificada, sendo responsável pelo balizamento técnico do Ramo Pioneiro. Bonifácio era Presidente do Círculo de Pioneiros do Brasil, que idealizara em 1933, e um dos Chefes da Federação, responsável pelo incentivo ao ramo. Gelmirez e outros vinham sendo Chefes Pioneiros, porém, sendo Comissário Técnico da FBEM organizou o 1 Curso para Mestres Pioneiros, em 1933, quando da fundação do Círculo de Pioneiros do Brasil, na Escola Nacional de Chefes Escoteiros do Mar. WILSON REIS E SILVA ATAB recebeu seu diploma do curso, em 05/05/1934, e foi nomeado o PRIMEIRO MESTRE PIONEIRO, em se tratando de formação específica e de uso da nomenclatura, em 08/08/1935. Ocupou também o Mestre Atab, de Setembro de 1935 a 1939, cargos de liderança deste ramo junto a FBEM e UEB.Também como Comissário Técnico Nacional da UEB, Gelmirez de Mello, um dos Escotistas que mais durou em atividade de Chefia de 1915 aos idos de 1980, levou as organizações do Ramo Pioneiro da Federação de Mar também para as outras Federações na UEB.Tem-se como o primeiro Clã organizado nos moldes em que conhecemos e como Clã propriamente dito, fora da fases experimentais e indefinidas, o Clã Tiradentes do 10 Grupo de Escoteiros do Mar. É datada a fundação deste Clã em 10 de janeiro de 1931, conforme os arquivos de Ficha de Clãs da FBEM.A Mesa Redonda que possui as 10 virtudes pioneiras talhadas, de posse do Clã Tiradentes, era usada nas Reuniões do Círculo de Pioneiros. Nela os Pioneiros se sentavam ao redor, sem diferenças pois não havia pontas, e giravam seu tampo. Cada Pioneiro deveria falar da virtude que lhe era sorteada com o giro.A primeira experiência que o Escotismo Brasileiro teve com a presença de mulheres nas seções, foi no ramo Pioneiro, que se deu com o advento do primeiro Clã Misto, em 1968. Pesquisa realizada e apresentada pelo Chefe Andre Torricelli, Diretor Adjunto de Estudo e Pesquisa do CCME Nacional, em virtude da realização do Mutirão Nacional Pioneiro no Rio de Janeiro, em 2003. Este texto foi exposto nas dependências da atividade, juntamente com souvernis, como a própria mesa redonda das virtudes.
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