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Campismo
Enviado em: 29/10/2003
Fonte de renda no passado através de temporadas de caça, as baleias hoje valem mais vivas do que mortas para Santa Catarina, estado que está recuperando sua história e atraindo turistas.
A antiga unidade de produção de óleo de baleias de Imbituba, pequena cidade do litoral catarinense, a 90 quilômetros de Florianópolis, reabriu as portas nesta semana, fechadas desde 1973 quando a caça desses mamíferos, especialmente a baleia-franca, foi proibida no País. Só que, agora, o antigo galpão onde a carne e a gordura de cerca de 400 baleias eram processadas por ano, desde o século 17 até 1973, ganhou nova finalidade: virou museu. O Museu da Baleia Franca.
O objetivo da iniciativa não é apenas o de reconstituir a história econômica do município a partir do século 17, quando foi criada a armação austral de caça da baleia de Imbituba, mas o de alertar gerações futuras para o bom negócio que é hoje a preservação desses mamíferos. De cópias de documentos, como o que o Marquês de Pombal usou para deflagrar a pesca da baleia no Sul do Brasil em 1796, a contratos de compra e venda de óleo de baleia, usado para iluminar cidades como Rio e São Paulo e na argamassa de construções históricas, o museu ainda está constituindo seu acervo. E conta com a ajuda da população. A intenção dos órgãos municipais de turismo é reunir fotos e utensílios que marcaram esse ciclo econômico da cidade.
O local escolhido para abrigar o museu não poderia ser mais especial. Guarda ainda as antigas caldeiras e cabos de aço de onde pedaços de baleias eram arrastados da praia até o galpão. Ali, esses pedaços, com uma camada de gordura que pode chegar a 40 centímetros de espessura, eram cozidos, depois peneirados e o óleo vendido. O próprio município era iluminado até os anos 50 por óleo de baleia, que resistiu em candeeiros e lamparinas até 1973, quando a caça foi proibida. O óleo também era usado na liga de construções, como a Igreja Nossa Senhora da Imaculada Conceição, concluída em 1954.
Com uma população de 35 mil habitantes, a cidade vive da renda do Porto de Imbituba, privado e controlado pela família carioca Catão, e do turismo. No verão, suas praias, como a Praia do Rosa, atraem surfistas e banhistas. Mas são as baleias-francas que, durante o inverno, de julho a outubro, ajudam a girar a economia local, movimentando pousadas e restaurantes. Não chega a ser difícil observar as baleias em terra, mas certamente é mais emocionante, embora mais caro, vê-las embarcado. Esses passeios custam em média R$ 95,00 e levam no máximo uma manhã.
O retorno das baleias ao litoral catarinense levou tempo. Em 1972, um ano antes da proibição da caça, estima-se que 300 baleias chegaram a ser caçadas e transformadas em óleo. Só em 1982, uma década depois, começaram de novo a ser vistas no litoral catarinense.
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