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Venturas e Aventuras
Enviado em: 04/05/2004
Segundo números do IBGE, 58% da população brasileira não tem acesso à rede coletora de esgoto e 84% dos municípios do país não contam com nenhum tipo de tratamento para os resíduos que são coletados. A partir desses dados alarmantes, pesquisadores da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveram um método barato e eficiente para o tratamento do esgoto doméstico.
O sistema leva o nome de "reator anaeróbio com recheio de bambu" e, segundo os responsáveis pelo estudo, tem potencial para ser aplicado no tratamento de esgoto de pequenos municípios brasileiros.
O projeto, desenvolvido na Estação de Tratamento de Esgotos Graminha, em Limeira (SP), utilizou cilindros de 1,5 metro de altura por 0,76 metro de diâmetro, recheados com 70 quilos de caule de bambu cortados em pedaços pequenos.
O sistema precisa de três meses para a criação de uma cultura microbiológica sobre os pedaços de bambu. São esses organismos presentes no esgoto que vão aderir aos caules vegetais e, depois, retirar a matéria orgânica dos resíduos domésticos. "As bactérias e protozoários utilizam os compostos orgânicos e nutrientes contidos no esgoto, num processo de decomposição do material poluente que gera gás carbônico e água", disse Adriano Luiz Tonetti, um dos responsáveis pela pesquisa, à Agência FAPESP.
Em seguida, o sistema entrou em funcionamento. No protótipo estudado, o tratamento conseguiu retirar 70% da matéria orgânica inicial, dando conta de dez litros de esgoto por minuto. Depois do reator, os dejetos passaram por um tratamento complementar. "O líquido pode ser aplicado sobre um filtro de areia, por exemplo, para que o sistema produza um efluente que possa ser reutilizado e que não cause danos ao ambiente. A água resultante pode ser usada como descarga sanitária, na lavagem de calçadas, em jardinagem ou em qualquer outra atividade doméstica que não inclua o consumo humano", explicou Tonetti.
Outra vantagem da tecnologia é a utilização de poucas partes mecanizadas, permitindo economia na instalação e na manutenção, em relação a estações convencionais. "A idéia é que se consiga instalar um sistema como esse em áreas rurais que não tenham tratamento adequado para o esgoto. Qualquer um poderá montar o reator anaeróbio e ficar responsável pela manutenção exigida pelo aparelho", disse Tonetti.
Thiago Romero Fonte: Agências FAPESP
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