Matéria enviada por:
Papo Escoteiro
Enviado em: 24/07/2004
Existe em cada um de nós um ditador, que se manifesta quando queremos pôr em prática os nossos desejos não olhando os meios. Quando estamos dispostos a pisar quem quer que seja com o fim de cumprirmos a nossa própria vontade. Quando os outros deixam de contar para nós, se por acaso acharmos que estorvam a concretização dos nossos planos ou a nossa realização pessoal.
O único remédio que está ao nosso alcance – já que não é possível eliminar a semente de destruição – consiste em tornar o homem capaz de dominar – entre outras coisas – o impulso que o leva a subjugar os outros. É uma doença crônica, que não se pode eliminar, mas que se pode controlar.
Mas acontece que muitas das nossas crianças estão precisamente sendo educadas para ditadores.
Levados por um desejo grande de as vermos felizes, ansiando ver nos seus rostos aqueles sorrisos que são a luz das nossas casas, cometemos verdadeiros disparates educativos e contribuímos para que se transformem nada mais nada menos do que em pequenos ditadores.
Cumprimos os seus desejos quando não o devíamos fazer. Quando a nossa cedência não é benéfica para eles. Basta-lhes, por vezes, fazer uma birra, chorar um pouco, insistir mais vezes, para terem aquilo que pediam.
Muitas vezes recusam-se a obedecer aos professores, por exemplo – ou a aceitar as regras de um jogo feito com os companheiros – porque estão acostumados a mandar... lá em casa.
O erro que cometemos é tão parecido com uma virtude que mal reparamos nele. Devíamos entender que o caminho para a felicidade não passa por ter todas as exigências satisfeitas, todos os desejos cumpridos.
Muito pelo contrário, é preciso ensinar-lhes a renúncia e o domínio de si mesmos; torná-los capazes de viverem com o fato inevitável de que a vida não é plenamente moldável aos nossos gostos e caprichos; fazer-lhes ver que nós é que devemos adaptar-nos, em larga medida, à vida e aos modos de ser das outras pessoas.
Fonte: Papo Escoteiro na Web
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