Matéria enviada por:
Loester T. Garcia
Enviado em: 13/03/2002
Um dos diversos instrumentos que o homem concebeu para medir o tempo foi a ampulheta. Também conhecido por relógio de areia a sua invenção é atribuida a um monge de Chartres, de nome Luitprand que viveu no séc.VIII. No entanto as primeiras referências deste tipo de objecto aparecem apenas no séc.XIV. Pela descrição de então admite-se que a ampulheta já era usada a bordo. É constituída por duas âmbulas de vidro unidas pelo gargalo e de modo a deixar passar a areia de uma para outra num determinado intervalo de tempo através de um orifício. Até meados do séc. XVIII as duas âmbulas eram fabricadas separadamente colocando-se entre os gargalos de ambas uma pequena peça metálica com um orifício devidamente calibrado para a passagem da areia. A ligação era feita com cabedal ou uma pinha - um entrelançado feito com cabo. Para proteger o conjunto era usada uma armação em madeira ou latão. Mais tarde as ampulhetas foram feitas de uma só peça de vidro com um orifício para a passagem da areia. Ampulheta séc. XVI A areia usada nas ampulhetas podia ser branca ou vermelha, desde que fosse fina, seca e homogénea. A proveniente de Veneza tinha grande reputação. Além de areia também se podia usar cascas de ovo moídas, pó de mármore, pó de prata e pó de estanho calcinado misturado com um pouco de chumbo. Este último aconselhado para as ampulhetas de 24 horas. A vida a bordo era regulada por este instrumento. Existiam ampulhetas para tempos de uma, duas ou mais horas mas as mais usadas eram as de meia hora também conhecidas por relógio. De boa precisão a ampulheta era no entanto afetada pelos balanços, temperatura, por isso devia ser colocada à sombra, e o alargamento do orifício desgastado pela passagem da areia. Mas quem a manejava era ainda o maior culpado. Um esquecimento, um atraso ao virar ou ainda, e a mais frequente, motivada pela pressa em encurtar a duração de um quarto fazia que quem estivesse de turno, ao virasse antes de esgotar toda areia. Este facto era conhecido entre os marinheiros por comer a areia. Ao virar a ampulheta, o marinheiro tocava o sino; uma badalada às meias horas e pares de badaladas correspondentes à hora de quarto. Um par à primeira, dois à segunda, etc. Falta dizer que cada quarto era, e ainda hoje é assim, de quatro horas. Aos quartos da noite também se davam nomes. Das oito da noite à meia noite era chamado de prima, seguia-se a modorra da meia-noite às quatro e por fim, a alva das quatro às oito da manhã. O acerto era necessário e fazia-se com o astrolábio ao meio-dia através do sol, quando o tempo o permitisse. Para a obtenção da latitude bastavam as tabelas de declinação e a medição da altura do sol. A longitude, até ao séc. XVIII, era obtida por estimativa a partir da distância/rumo percorrida pelo barco. A velocidade necessária para o cálculo era obtida com uma barquinha e uma ampulheta de 30 segundos. Este método era pouco rigoroso para a obtenção daquela coordenada geográfica. Até à invenção do cronómetro no séc. XVIII, para obtenção da longitude, foram pensados vários métodos. Um deles, proposto pelo padre italiano Bruno Cristóvão, professor de astronomia em Coimbra e em Lisboa no início do séc. XVII, usava uma ampulheta de longa duração, marcada com linhas indicando as diversas horas. Acertava-se à saída de um porto e calculava-se a diferença entre as horas do meridiano do local e do meridiano de referência, transformando depois o tempo em arco, tal como se faz hoje. A idéia era perfeitamente correcta mas tecnicamente impossível, pois a ampulheta não tinha uma tal precisão. Problemas: Fez-se o acerto do relógio ao meio dia solar. Três dias depois voltou-se a fazer o mesmo e verificou-se que se tinha voltado a ampulheta 146 vezes.Admitindo que o barco estava fundeado com mar chão e não se comeu a areia, qual o erro da ampulheta. Da lista de instrumentos de bordo de um piloto constavam como relógios quatro ampulhetas. Uma de 4 minutos, outra de 7 e duas de 30 minutos. Numa determinada altura, vá lá saber-se porquê, foi necessário medir 9 minutos. Qual a maneira mais rápida de o fazer?
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