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       Quadro - Conte sua História da Radio CBN

Matéria enviada por:  Emerson Beraldo
Enviado em: 17/01/2008

Minha mãe tinha uma casa no Butantã, mais precisamente no Jardim João XXIII, onde crescemos e descobrimos a vida.
Meu pai trabalhava no comércio e não tinha muito tempo para dar atenção aos filhos, mas nos domingos de folga sempre nos levava para passear nos parques da cidade que só víamos no horizonte.
Zoológico, nossa, como era longe, eram duas horas de ônibus até lá. Hoje não gasto mais de 30 minutos.
No Parque do Ibirapuera tinham os lagos, a Bienal, a Prefeitura sim ela ficava no parque, onde hoje é o prédio da PRODAN, lá podíamos subir nas árvores, no monumento às Bandeiras, onde tinha uma placa com os nomes dos Bandeirantes que desbravaram nosso Estado, além ficávamos fascinados com o tamanho do Obelisco.
Para pegar o ônibus de volta, passávamos por uma praça, ao lado do Obelisco, chamada Escoteiro Aldo Chioratto, naquela época eu só conhecia escoteiros pela TV e pensei: Um dia vou ser escoteiro, pois já brincávamos como tais e nem sabíamos.Já no Parque da Previdência tinha um bosque que em nossa imaginação de criança, se transformava em uma floresta assustadora como nos filmes de terror. Adorávamos subir na antiga caixa dágua em forma de Cúpula, de onde podíamos avistar a cidade. Sentados nos bancos ao lado da administração podíamos avistar o Estádio do Morumbi, e até ouvir o barulho das torcidas em dias de jogos.
Em 1986, durante um destes passeios pelo Parque da Previdência, logo ao chegar cruzei com um garoto muito bem uniformizado. Foi a hora, eu e meus irmãos corremos para perto de minha mão e dissemos: _Aqui tem escoteiros Queremos participar Foram meses de espera pelo chamado que enfim veio, e no sábado, 28 de março de 1987 estávamos lá, prontos para começar, não tinha idéia que aquilo mudaria para sempre nossas vidas.Com o passar dos anos aprendi que ser escoteiro não era só acampar e fazem fogo com pauzinhos coisa que nunca consegui, mas a ser um cidadão, ajudar ao próximo em toda é qualquer ocasião, e o verdadeiro valor da amizade.
Amizades que agradeço a deus até hoje, porque nos momentos mais difíceis da minha vida, foram meus irmãos escoteiros que me apoiaram.Cheguei à Lis de Ouro, a graduação máxima para um escoteiro, que recebi num dia de festa para o Parque da Previdência, pois inaugurávamos o Espelho Dágua pequeno lago com carpas, em frente a administração tinha até à Banda da CMTC tentando tocar o Ra-ta-Plam hino dos escoteiros.O tempo foi passando e tive que me afastar do escotismo e de São Paulo. Me casei, tornei-me pai, fui morar em Osasco. Mas logo estava devolta a esta cidade que tanto amo.Os passeios de fim-de-semana voltaram a acontecer, só que desta vez, era eu que levava meu filho. Durante um passeio, naquele mesmo parque, pude observar como ele tinha mudado, as árvores antes pequenas estavam bem maiores, dos bancos da administração já não se avistava mais o Estádio, pois as árvores que antes pareciam tímidas, hoje se erguiam imponentes.
O Grupo Escoteiro ainda estava lá, ocupando como sede a antiga caixa dágua, ao entrar reconheci apenas um dos escotistas, o Bastos, que tinha sido escoteiro junto comigo. Depois de uma boa conversa sobre os velhos tempos, eu não pode perder a chance de matricular meu filho no movimento escoteiro.
Criei coragem e retornei, desta vez, como chefe da tropa Cão, onde eu havia passado alguns dos melhores momentos de minha vida.
Em setembro de 2004, no desfile de abertura da semana da Pátria, na praça Panamericana em Pinheiros, minha esposa, que havia nos acompanhado só para assistir, acabou participando do desfile, e também foi mordida pelo bichinho do Escotismo. No dia 09 de julho de 2005 iríamos participar, pela primeira vez juntos, do desfile em Comemoração ao Movimento Constitucionalistas de 1932, em frente ao Obelisco do Parque do Ibirapuera.
Antes do desfile, entramos no Obelisco. Lá dentro, vários armários de Mármore Travertino com divisórias, cada um leva na tampa o nome do soldado que ali descansava, até que lá no fundo num dos armário à direita, vimos um detalhe que nos chamou a atenção. Moldurado com faixas verde amarelas e um brasão da UEB União dos Escoteiros do Brasil, estava um nome especial Escoteiro Aldo Chioratto, morto durante a revolução, com apenas 13 anos, o mesmo nome da praça ao lado do Obelisco. Ele era um dos Paulistas que tombaram em nome do nosso Estado durante a revolução e o mais jovem Herói Brasileiro.
Enfim, as historias da minha infância e do escotismo se confundem com vários locais da cidade de São Paulo. Mas do que tenho maior orgulho é de saber que dentro do coração de meu filho e de todos os jovens que ajudamos a se transformarem em Cidadãos, bate o mesmo amor por esta cidade e pelo escotismo.
Emerson Beraldo, Paulistano do Butantã, Escotista do Grupo Escoteiro Raposo Tavares.


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