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       O desafio de ser índio no Brasil

Matéria enviada por:  Katia Brito
Enviado em: 05/05/2002

Há mais de 500 anos, o Brasil era totalmente povoado por índios. Atualmente, eles representam apenas cerca de 0,2% de toda a população. Os dados são da Fundação Nacional do Índio (Funai), órgão federal responsável pelas questões indígenas no País. A coordenadora cultural do Instituto de Desenvolvimento das Tradições Indígenas (Ideti), Angela Pappiani, acredita que o grande desafio, hoje, é integrar os índios à sociedade, respeitando sua diversidade e diferenças culturais. Vivemos uma nova realidade e eles precisam de recursos para projetos sustentáveis, afirmou Angela.

Com 3 anos de existência, o Ideti é uma organização não-governamental criada e dirigida por índios, que tem como objetivo preservar e divulgar a cultura e o conhecimento dos povos indígenas. Entre os projetos desenvolvidos pela ONG está o Rito de Passagem que procura levar para o meio urbano um pouco das tradições e costumes desses povos. No último evento, estiveram presentes os bororo, karajá, kaxinawá, mehinaku, xavante e ainu (do Japão).

Falta qualidade de vida

A falta de infra-estrutura é um problema recorrente nas nações indígenas, afetando tanto os índios que moram no interior do País como os que vivem nas grandes cidades. O líder dos bororo, tribo do cerrado mato-grossense, Paulo Merisureu, se surpreendeu com a situação dos guarani da capital paulista. Eles vivem pior que a gente. É uma irresponsabilidade do governo, irresponsabilidade de todos, lamentou Paulo. Os guarani se mantêm do artesanato que produzem e de doações. Paulo conta que em sua tribo muitos índios idosos têm morrido por falta de assistência. Não basta dar o remédio, tem de dar condições para o índio viver, analisou.

Os bororo também vivem do artesanato. A tribo mantém uma espécie de mercado, onde o artesanato é trocado por mercadorias. O que é arrecadado é vendido em Brasília, em Cuiabá (MT), no Mato Grosso do Sul e, às vezes, é encaminhado para a loja da Funai, em São Paulo. Alguns membros dos bororo criaram a Associação Projeto Equipe Meri Oue, que tem como objetivos o resgate da cultura, a realização de projetos econômicos e a fiscalização territorial. O principal projeto da associação é a criação de uma nova aldeia tradicional. Queremos apresentar nossa cultura para atrair propostas. Vamos criar uma aldeia ecoturística porque o que temos hoje não é aldeia. A nova aldeia vai atrair turistas e recursos para governarmos o território, afirmou o líder bororo.

De quem é a culpa?

Para Angela e Paulo, o governo federal é muito omisso na questão indígena e não tem cumprido o papel de assistência. Mas não é só o governo que recebe críticas. Segundo a coordenadora cultural do Ideti, as pessoas, de vez em quando, fazem um abaixo-assinado, mas falta um trabalho de longo prazo, e as empresas têm preconceito com os índios, associando sua imagem à pobreza e miséria. Angela diz ainda que houve muitas conquistas nos últimos anos, com terras demarcadas, organizações indígenas, mas falta muito caminho a trilhar pela frente.

Nos futuros planos do Ideti estão a criação de um centro cultural na capital paulista, que vai levar mais informação para a sociedade sobre as questões indígenas. Também deve ser criado uma editora para criação de livros com os pensamentos dos índios. Mais informações sobre os povos indígenas podem ser adquiridos nos sites do Instituto (www.ideti.org.br) e da Funai (www.funai.gov.br).

Para contribuir com os bororo entre em contato com a Missão Salesiana Meruri (Bororo) pelo telefone (66) 416-1172, ou pelo endereço Território Indígena Bororo Boe-Meruri, Município de General Carneiro, Mato Grosso, CEP 78620-000. Sobre os guarani de São Paulo, procure a Associação Indígena Guarani do Pico do Jaraguá no telefone (11) 5526-2363.

(Fonte: Agência de Notícias Ambientais - www.ecopress.org.br)


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